A sudanesa condenada à morte por abandonar o islã – e depois perdoada – foi novamente libertada nesta quinta-feira após ser detida por acusações de falsificar documentos de viagem.
Em entrevista exclusiva ao serviço em espanhol da BBC, a BBC Mundo, ela agradeceu ao povo sudanês, à polícia de Sudão e também ao tribunal pela sua libertação. Questionada sobre seus planos, disse: "Meu destino está nas mãos de Deus".
Meriam Ibrahim se refugiou na Embaixada dos Estados Unidos em Cartum, enquanto aguarda para sair do país com sua família.
Ela foi detida na terça-feira, um dia após um tribunal tê-la libertado, anulando a pena de morte imposta por ela ter renunciado ao Islã.
"Eu nem sequer têm a chance de ver a minha família depois que eu saí da prisão", disse.
Família
Acredita-se que marido e os dois filhos também estejam na Embaixada, informou o correspondente da BBC Mohamed Osman, em Cartum. Eles haviam sido detidos no aeroporto com Meriam, mas foram liberados.
A sudanesa portava documentos de viagem de emergência emitidos pelo Sudão do Sul quando foi detida no aeroporto de Cartum, no Sudão, ao tentar embarcar com sua família para os Estados Unidos.
Sudanesa agradeceu ao povo sudanês, à polícia de Sudão e também ao tribunal pela sua libertação
A embaixada do Sudão do Sul em Cartum disse que os documentos de viagem são verdadeiros. O marido dela, Daniel Wani, é cristão do Sudão do Sul e cidadão americano.
Entenda
Meriam, de 27 anos, foi condenada à morte em maio, acusada de apostasia - abandono da religião - depois que ter se "afastado do Islã" ao se casar com um cristão.
Segundo a lei islâmica do Sudão, uma mulher muçulmana não pode se casar com homens de outra religião.
Durante o julgamento, Meriam, cujo nome islâmico é Adraf Al-Hadi Mohammed Abdullah, foi interrogada por um clérigo islâmico e disse ao juiz que era uma "cristã e nunca cometi apostasia".
O pai dela era muçulmano, mas a sudanesa foi criada como cristã ortodoxa, a religião da mãe, pois teria tido um pai ausente durante a infância.
Seu casamento em 2011 com Wani foi anulado. Ela também foi condenada a cem chibatadas por adultério, já que a união não é considerada válida sob a lei islâmica.
Durante o tempo que passou na prisão, Meriam deu à luz uma menina.
A maioria da população do Sudão é muçulmana, e a lei islâmica está em vigor no país desde os anos 1980.
Fonte BBC Brasil
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